Capítulo 07 — …Ailin
Já fazia uma semana desde que eu transformara aqueles quatro delinquentes em vegetais e trouxera comigo a criança que eles estavam espancando.
Durante essa semana, depois de lavar o corpo e tratar os ferimentos, a criança havia se tornado completamente uma “menina”.
Com seus cabelos negros e brilhantes e olhos escuros e límpidos, ela parecia inteligente o que, sinceramente, me surpreendeu.
— Red, não me diga que você tem esse tipo de gosto...?
— Não é isso.
Ela não sabia falar, mas era esperta. Eu só precisei ensinar um pouco, e logo já estava limpando a cabana e lavando as roupas.
Bem, se fosse uma menina sem iniciativa, provavelmente já teria morrido na cidade.
— Humph, então não é totalmente inútil, afinal.
Desde que ela começou a ajudar nas tarefas, até o velho passou a aceitar um pouco sua presença.
— E então, já decidiu o nome dela?
— Nome...?
— Não vai chamá-la de “ei” ou “você aí” pra sempre, vai?
O velho tinha razão. Eu devia dar um nome a ela.
Mas... nenhum bom nome me vinha à mente.
— Eu só me chamo Red porque sou ruivo, e o velho é “Rato” porque tem cara de rato. Num lugar como este, é difícil pensar em um nome decente.
— É... tem razão. Mas foi você quem a trouxe, então pense você.
O velho deixou a tarefa comigo e saiu, provavelmente porque ficou com preguiça.
Sozinho, tentei pensar em algo, mas nada parecia adequado.
Sem outra opção, comecei a vasculhar os livros empilhados na cabana, procurando alguma inspiração.
Foi então que a menina se aproximou.
— Ei, o que você está fazendo?
Ela me imitou, pegando um livro e folheando as páginas.
— Você nem sabe ler, não é?
— Auh... auh...
Olhei o livro que ela segurava. Era um livro de contos infantis que eu usara quando comecei a aprender a ler.
A história era bem comum: um cavaleiro lutava para proteger uma princesa, num reino do norte.
Como ela não sabia ler, observava apenas as ilustrações. Ainda assim, devia compreender algo da história.
— Auh...
A menina apontou para a imagem da princesa. Devia ter gostado da figura, com aquele lindo vestido.
— Agora que penso...
A princesa do livro também tinha cabelos negros e olhos escuros como a menina diante de mim.
— O nome dessa princesa era... Ailin.
Ailin... um belo nome. Sim, esse serviria.
— Ei, você.
Ela ergueu o rosto para me olhar.
— A partir de hoje, seu nome é... Ailin.
— Auh...
— Ailin. Esse é o seu nome.
— Auh, auh...!
Ela sorriu. Parecia ter entendido o que eu dissera.
Mais tarde, ao entardecer, contei ao velho. Ele riu de modo debochado.
— Heh, dar o nome de uma princesa a uma pobrezinha dessa cabana... isso é uma piada?
— Então inventa você um nome melhor, velho.
— ...Ailin é um bom nome.
— Viu só?
E assim ficou decidido.
Daquele dia em diante, a menina se chamou Ailin e começou a caminhar ao meu lado.
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